Aberto com a dançante Taty, uma música com pegada black music mas bem ao estilo brasileiro, seguida de uma mistura de axé com pop Escute Bem fala de decepção amorosa e pede para escutar melhor bons conselhos. Já a Balada Cavernosa faz uma bela homenagem à Josefel Zanatas – o eterno Zé do Caixão – em uma guarania sombria, em seguida os compositores mostram mais versatilidade em a Bossa em Copa falando do litoral ao nosso sertão, e em tom apaixonante e melodia rebuscada De Amantes (A Nave Ofuscante) é uma música que você vai cantarolar mesmo sem querer. Da mesma forma temos Danzan, uma bela homenagem a essa sousense irmã do inenarrável Chico Pessoa, que também participa na composição junto com Ninô DCS e Judimar Dias.
África Emana mostra um estilo afro misturado ao nosso bom e velho forró mostrando que “A dor é quem cala / E o amor é quem fala...”. E em uma excelente adaptação, Amor em Jacumã conta ainda com a participação mais do que especial de Gilbran Ferreira, lembrando não só belíssima praia como de Camboinha, Penha, Praia da Sereia, Cabo Branco e Bessa “que só a Paraíba tem”. Mais que penso mostra a maturidade de uma revelação entre os compositores sousenses, Roberto Lopes junto com Ninô DCS e Chico Jones em um funk com solos lapidados de Júlio César, em um reggae lento e romântico Peleja de Amor declara que “Peleja de amor sincero / Pra que mentir que não te quero / Se nada vale me enganar”, essa com a participação de Emiliano Pordeus. Quando você chegou vem em um forró eletrizante seguido de Irradiar, uma merecida homenagem ao nosso saudoso amigo Gilbertinho. Pedra Preciosa mostra uma declaração de amor feita por um garimpeiro, cuja única jóia que encontrou no meio do garimpo foi o amor da sua “Pedra preciosa / Muito mais ermosa / Muito mais cheirosa”, tudo na linguagem do narrador. E em Quarup, uma música sem refrão, um bem bolado country conta a história de um índio com passagens na linguagem tupi, e numa declaração de amor ao seu inesquecível cachorro Half prova que o amor também pode ser declarado ao melhor amigo do homem. Por fim e não menos animada, o Frevo do Doido do incomparável Livardo Alves – enterno compositor de frevo, esse paraibano compôs um dos maiores clássicos do frevo nacional, trata-se de o Frevo da Cueca, encerra esse eclético CD. Várias músicas já vêem tocando nas rádios da cidade e região.
É público e notório a contribuição desse sousense para a música e músicos da região. Ex-líder de uma das maiores bandas de “xote regueado” com o irônico nome CPI - Coletivo Para o Inferno - ou para os mais exigentes CPI significava Conquistando Público Inteligente. CPI fez muito sucesso em Sousa e região, e até hoje é lembrada na sociedade e influencia músicos até nos dias de hoje.
Ninô DCS mais uma vez mostra sua competência em um CD recheado de ritmos e estilos, sempre com a “pegada” que só ele sabe fazer. Sinceridade pra falar de amor, uma excelente veia poética e parcerias com pessoas do naipe de Chico Pessoa, Chico Jones, Judimar Dias, Emiliano Pordeus, Tonny Gadelha, Ivan Rosendo, e músicas gravadas por inúmeros cantores de renome nacional. Ninô é figura certa na cultura local, compondo, cantando, incentivando e levando a bandeira da boa música sousense aonde quer que vá.
Já Tonny Gadelha tem a relação com a música correndo em suas veias, irmão da cantora e compositora sousense Glorinha Gadelha, de reconhecimento internacional. Tonny viajou o país todo com seu cunhado, Sivuca, em shows com diversos artistas de variados estilos. Ele vem nesse CD provar a competência que seu cunhado tanto apostava. Também com uma facilidade incomparável de melodias fáceis e letras bem construídas, Tonny tem humor ímpar pra falar de coisas sérias e uma seriedade incomparável pra falar de temas irônicos.
A arte que ilustra o encarte fica sob responsabilidade de Berg Almeida e suas esculturas em barro, que respira cultura e contagia quem está à sua volta, com excelentes idéias. Mais uma forma de divulgar a arte local, coisa que a dupla defende, a arte local.
Com músicas de diferentes estilos, de temas variados, até o encarte inovador no ramo, elogiado por críticos de diversas partes do país como Salvador, Brasília, Natal, Fortaleza, João Pessoa, Mossoró, São Paulo e Rio de Janeiro e até por cantores da MPB como é o caso de Zizi Possi. Enfim, vale muito à pena conhecer esse trabalho genuinamente sousense. Valorizar o que realmente Sousa constrói o que nossa cidade há décadas prova e poucos a vêem e às vezes que vêem não reconhecem. Nessa imensa desunião que circundam o meio musical local, onde é possível confraternizar tudo isso. A música também é um veiculo de união!
Fonte: SERTÃO INFORMADO
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